Os problemas oclusais mais comuns nas crianças e que devem ser tratadas imediatamente são as mordidas cruzadas, alterações causadas por respiração bucal e perda precoce dos dentes decíduos.

Para a maioria dos profissionais, o tratamento precoce propicia um ambiente dentofacial mais favorável, guiando e controlando a erupção dos dentes para posições normais nas arcadas dentárias superior e inferior, reduzindo sobremaneira as discrepâncias esqueléticas por meio do redirecionamento do crescimento facial, minimizando, ou até mesmo eliminando, a necessidade de tratamentos complexos durante a dentição permanente.
Já diz o ditado: prevenir vale mais que remediar.
Nesse contexto, a essência do tratamento precoce, indiscutivelmente, consiste na integração das demais especialidades odontológicas, fonaudiológicas e médicas que estejam envolvidas com o desenvolvimento da oclusão e da face humana. Essa integração multidisciplinar nos permite prestar um atendimento clínico e interceptor, removendo as interferências indesejáveis durante os períodos de crescimento e de desenvolvimento fisiológico dos pacientes jovens, favorecendo a correção das deformidades dentoesqueléticas, mantendo a harmonia do sistema estomatognático. Na dentição permanente, a pequena ou ausente quantidade de crescimento rcraniofacial limita ou reduz as opções de tratamento.
No passado, os clínicos não interceptavam precocemente as más oclusões (talvez por desconhecimento); preferiam esperar ou não orientar os pacientes e os pais até a erupção de todos os dentes permanentes, postergando o tratamento para outra fase. Hoje em dia, o tratamento em duas etapas, preconizando por diversos pesquisadores e validado por nossa experiência clínica, é considerado, muitas vezes, mais lógico e de bom senso. Durante a primeira fase, aproveita-se o crescimento do esqueleto craniofacial, controlando-se o desenvolvimento da oclusão e a morfologia das arcadas dentarias, para que o tratamento na segunda fase seja relativamente facilitado.
É obvio que a intervenção ortopédica precoce, corrigindo a origem do problema (ou seja, as relações anteroposteriores, transversal e vertical alteradas, entre maxila e mandíbula), restringirá a necessidade de extrações dentarias. Ademais, o controle de espaço durante o período de transição, ou de dentição mista, com a manutenção e a recuperação de espaço de dentes permanentes em erupção, é de fundamental importância na prevenção de futuras extrações dentárias e manutenção da adequada oclusão dentária.
Portanto, ao menor sinal de qualquer alteração na arcada dentaria das crianças, o ortodontista deve ser consultado para um diagnostico do problema definindo o melhor momento para o tratamento.