Tenha uma boa noite de sono, dê adeus ao ronco.
Você sofre com o ronco ou conhece alguém que enfrenta esse incomodo? Mais que um problema social, que afeta o convívio com o(a) parceiro(a), o ronco é um problema de saúde e deve ser tratado como tal. Além de comprometer a qualidade do sono, ele diminui a concentração, dificulta o processo de aprendizagem, diminui a libido e está fortemente relacionado a hipertensão.
Quem não ronca, pelo menos conhece uma pessoa que ronca, isto é fato! Mas como tratar o Ronco?
O Ronco é causado pela vibração dos tecidos da garganta em função da turbulência do ar à medida que as vias aéreas se estreitam. Sua causa pode estar atribuída a situações passageiras, como amidalites ou excesso de peso, ou por razões de estrutura, como formato da mandíbula.
Causado pela vibração dos tecidos da garganta (parede posterior da faringe, dorso da língua, palato mole e úvula), em função da turbulência do ar à medida que as vias aéreas se estreitam.
A obesidade, a respiração bucal e o uso do cigarro e álcool agravam de modo significativo o ronco. Em muitos casos, o ronco é sintoma de outros problemas, como a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono – SAOS doença grave, quando em níveis mais elevados, pois interfere de modo importante o agravamento de doenças que podem causar a morte do paciente, como a hipertensão, infarto do miocárdio e AVC (derrame).
O Ronco é um problema social sério!
Atingindo cerca de 30% das pessoas, alterando a convivência com o cônjuge, com amigos, geralmente tornando a pessoa que ronca alvo de brincadeiras. Além de impossibilitar as pessoas de tirar aquela soneca durante o voo, pois o desconforto de ser acordado por causa do barulho, faz muita gente passar vergonha por aí!
Aspectos básicos da fisiologia do sono
O fenômeno do sono é essencial à homeostasia, e é por meio dele que todo organismo, incluindo o sistema nervoso central, se renova. Enquanto dormimos, o Sistema Nervoso Central (SNC) exerce inúmeras atividades.
O sono normal apresenta um ritmo próprio, composto de dois estágios distintos – NREM (non-rapid eye movement) e REM (rapid eye movement) – durante os quais há uma sucessão bem ordenada e cíclica das frequências de ondas, que são observadas no eletroencefalograma (ECG), durante o exame polissonográfico.
O sono NREM, também chamado de sono de ondas lentas, se divide em três estágios (1,2 e 3), que se sucedem à medida que o sono se consolida. Em torno de 90 minutos após o início do sono, ocorre o sono REM, durante o qual há presença de sonhos, atonia muscular e episódios de movimentos oculares. Essa combinação de sono NREM + sono REM é denominada “ciclo de sono”. Em um adulto sadio, normalmente ocorrem quatro ou cinco ciclos de sono durante uma noite.
O que é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono – SAOS ?
A SAOS é caracterizada por repetidos episódios, mais que cinco por hora, de obstrução parcial ou total das Vias Aéreas Superiores (VAS) durante o sono, levando a paradas (apneias) ou reduções (hipopneias) do fluxo aéreo, apesar da manutenção do esforço inspiratório. Para ser denominada apneia obstrutiva, o evento precisa durar no mínimo 10 segundos e geralmente está associado à hipóxia e fragmentação do sono.
A SAOS ocorre, principalmente, durante o sono REM, quando há a atonia muscular, o que facilita o fechamento das vias aéreas superiores (VAS), e a maior parte dos eventos de apneia culmina com um despertar ou microdespertar, que leva ao retorno do tônus muscular e o retorno da passagem de ar pelas vias aéreas. Por consequência, gera fragmentação e superficialização do sono.
A SAOS é uma das entidades clínicas mais frequentes entre os distúrbios do sono.
A tendência de obstrução da via aérea frequentemente se manifesta pela vibração ruidosa da via aérea, chamada de ronco. A maior parte dos pacientes portadores de SAOS ronca, mas nem todos. Quando o ronco se manifesta isoladamente, na ausência de SAOS, com um IAH normal, temos o ronco primário.
Os tratamentos podem variar desde a perda de peso até cirurgias de avanço maxilomandibular. As alternativas escolhidas são influenciadas pela etiologia e gravidade do problema, anseios pessoais e características do paciente.
Os tratamentos odontológicos mais frequentes para a SAOS são os dispositivos de avanço mandibular (DAMs) e a cirurgia ortognática de Avanço Maxilo-Mandibular (AMM) – essa ultima, possivelmente, é a única opção de tratamento com alta probabilidade de cura do problema.
Fatores de Risco para o aparecimento de SAOS
O diagnóstico da SAOS se dá por meio da polissonografia, exame realizado em laboratório do sono que permite o registro de vários parâmetros fisiológicos
Diagnóstico: Preservando a saúde e qualidade de vida
A gravidade da SAOS depende do grau de Sonolência Diurna e do Índice de Apneia e Hipopneia (IAH), o qual se refere ao número de interrupções da respiração por hora de sono.
O diagnóstico da SAOS se dá por meio da polissonografia, (foto) exame realizado em um laboratório do sono que permite o registro vários parâmetros fisiológicos e patológicos.
Para a indicação do tratamento adequado, a presença da apnéia do sono deve ser determinada e sua severidade quantificada objetivamente, através da polissonografia. Os dados obtidos do Eletroencefalograma, eletrocardiograma, eletromiografia, oximetria, fluxo aéreo e esforço respiratório fornecem dados fiéis da gravidade da doença.
Diagnóstico: Preservando a saúde e qualidade de vida
A Apneia pode estar presente em adultos e crianças
A respiração bucal em crianças leva a alterações no padrão do sono e consequências negativas para o desenvolvimento da face e da oclusão dentária, além de possíveis transtornos cognitivos.
Os distúrbios respiratórios do sono em crianças estão associados ao bruxismo do sono.
Nas crianças, os tratamentos de Ortopedia Facial, como a Disjunção Rápida da Maxila, dentre outros, são indicados por promover um melhor padrão respiratório pelo aumento das dimensões das vias aéreas superiores.
As más oclusões esqueléticas de classe II, mordida aberta acompanhada ou não de respiração bucal devem ser tratadas ortopédica e funcionalmente para favorecer um bom padrão respiratório em crianças, prevenindo em ultima instância, o surgimento de transtornos do sono.
Consequências da SAOS: Uma questão de Saúde!
As consequências da SAOS compreendem o indivíduo e toda a sociedade. Além do impacto direto da doença, impacto nos gastos públicos, absenteísmo, acidentes de trânsito e trabalho, etc.
A presença de SAOS não tratada está associada a uma pior qualidade de vida além de ser um fator de risco independente para o desenvolvimento de várias doenças clínicas e transtornos mentais.
Estima-se que 50% dos portadores de SAOS apresentam depressão como comorbidade, principalmente devido à perturbação dos ciclos do sono, que se interrompem a cada evento de apneia.
Após se iniciar o tratamento adequado para cada indivíduo portador de SAOS, todas essas complicações demonstram grande melhora.
Tratamentos Eficazes
A existência de vários métodos de tratamento pressupõe um tratamento individualizado, específico para cada paciente, considerando-se os fatores anatômicos, índice de gravidade doença, comorbidades, adesão ao tratamento e acompanhamento periódico baseado em critérios específicos.
O tratamento da SAOS deve ser multidisciplinar e Terapias com graus variados de invasividade são indicadas.
CPAP — Continuous Positive Airway Pressure
O CPAP é o aparelho de pressão positiva mais utilizado no tratamento da SAOS grave. São compostos de um compressor de ar, de um tubo e uma máscara que, injetando ar nas vias aéreas, mantém as paredes da faringe afastadas e impede o colapso da via aérea. O nível de pressão que atinge as vias aéreas é o mesmo durante a inalação e a exalação do ar. O fluxo de ar produzido é responsável por vencer o colapso das vias aéreas superiores, finalmente chegando aos pulmões para realizar as trocas gasosas.
Os aparelhos orais podem reduzir ou até eliminar o ronco e apneia do sono.
São de fácil adaptação, têm alto índice de aceitação do paciente e sucesso no tratamento. Representam a maneira mais conservadora para controle do ronco e da Apneia do Sono.
Aparelho Klearway – reposicionador mandibular confeccionado em laboratório para titulação da posição mandibular.
Os Dispositivos de Avanço Mandibular (DAMs) têm como objetivo manter a mandíbula em uma posição avançada durante o sono, promovendo um aumento do espaço orofaríngeo durante o uso do dispositivo e, consequentemente, diminuindo as obstruções.
Eles agem tracionando os tecidos em direção anterior, em especial os músculos genioglossos, gênio-hióideos, digastricos e milo-hióideos. O aparelho não promove uma correção das vias aéreas, seu efeito é observado apenas enquanto o paciente o utiliza.
Entre os tratamentos usualmente empregados, os aparelhos intraorais (AIO) constituem uma das principais escolhas terapêuticas para pacientes portadores de ronco primário e SAOS leve.
São de fácil adaptação, têm alto índice de aceitação do paciente e sucesso no tratamento. Representam a maneira mais conservadora para controle do ronco e da Apneia do Sono. Para funcionarem corretamente, os aparelhos orais contra Ronco devem ser confeccionados por dentistas com conhecimento e treinamento em medicina do sono. Neste link você encontra informações exclusivas para você iniciar seu Tratamento para Ronco
Os aparelhos são ajustáveis e individualizados pelo dentista e são confeccionados após moldagem ou escaneamento intrabucal, devendo permitir um ajuste progressivo da posição mandibular pelo profissional.
Quando instalado, o aparelho mantém a mandíbula em uma posição protruída predefinida em um registro de mordida. A maior parte das pessoas tem dificuldade de manter a mandíbula em uma posição muito projetada desde o primeiro dia de tratamento, por não ter amplitude articular para isso. Dessa forma, é importante uma adaptação gradual no uso do aparelho, bem como um ajuste progressivo da magnitude de avanço mandibular, denominado titulação.
O uso clínico de aparelhos intraorais (AIO) é uma opção terapêutica confiável que os ortodontistas podem utilizar no manejo de pacientes com apneia obstrutiva do sono. Evidências científicas dos últimos trinta anos suportam a utilização de AIO como uma alternativa segura e com boa relação custo-benefício
Após o período de avanços graduais do aparelho, de 3 a 5 meses, nova polissonografia deve ser realizada, para quantificar os ganhos obtidos. O aparelho deve ser usado por longo período de tempo e acompanhado pelo profissional a cada 6 meses, que monitora a função adequada e os efeitos do dispositivo sobre a dentição e qualidade de vida do paciente.
Dispositivos de avanço mandibular são uma sólida opção de tratamento para o ronco primário e SAOS leves e moderadas. Apneias graves, em pacientes que não se adaptam plenamente ao CPAP, também podem se beneficiar com o uso concomitante dos DAMs.
Cirurgia de Avanço Maxilo-Mandibular - AMM
A SAOS é um problema de saúde grave, que tem importantes impactos na qualidade e expectativa de vida das pessoas por ela acometidas.
Há diferentes cirurgias para se alterar diretamente os tecidos moles, sendo o mais comum a uvulopalatofaringoplastia (UPFP). Modificações nos tecidos moles também podem ser obtidas por meio de cirurgias esqueléticas, como a cirurgia ortognática de avanço maxilomandibular.
O Avanço Maxilo Mandibular cirúrgico (AMM) é uma ótima forma de tratar as SAOS graves pelas modificações na anatomia da via aérea superior, representando uma alternativa segura e muito eficaz de solução da SAOS, além de trazer benefícios estéticos pelo equilíbrio e harmonia facial com forma e função adequada melhorando significativamente a qualidade de vida.
Medidas Gerais e Higiene do Sono
O tratamento pode envolver a perda de peso e a mudança de postura durante o sono.
ORIENTAÇÕES PARA HIGIENE DO SONO
Estas orientações podem lhe ajudar a ter melhor qualidade de sono, independente do problema apresentado.
Você sabia?
Vale a pena lembrar...
A SAOS abrange uma parcela significativa e heterogênea da população. Com o desenvolvimento tecnológico e o maior conhecimento acerca do problema, é possível oferecer aos pacientes com diferentes faixas etárias e níveis de obstrução respiratória, tratamentos cada vez mais individualizados e específicos através de um tratamento multidisciplinar.
Os aparelhos intraorais, quando bem indicados, funcionam como uma alternativa terapêutica conservadora, segura e com boa relação custo-benefício. Estão indicados para apneias leves e moderadas ou até mesmo, nas graves, quando o paciente apresenta dificuldades de aceitação de outras formas de tratamento.
A cirurgia bucomaxilofacial, principalmente por meio dos avanços bimaxilares da cirurgia ortognática, é parte importante do arsenal terapêutico dos pacientes que sofrem com a SAOS. Deve-se sempre ser ressaltado que o melhor tratamento só será realizado quando todos os níveis de obstrução forem corretamente diagnosticados e corrigidos.
Vários estudos demonstrarem a eficácia do tratamento com AIO, com grau de melhora clínica e polissonográfica em torno de 70% dos casos.
Ressaltamos que a abordagem de pacientes portadores de SAOS é individualizada, considerando a gravidade, as condições clínicas associadas e as características orgânicas e comportamentais de cada caso.
Não espere mais, Cuide-se!
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